sexta-feira, 16 de março de 2012

Soneto CXLVIII - William Shakespeare


Ó, vida! Que olhos o amor me deu
Que não correspondem ao que vejo?
Ou, se for verdade, o que houve com meu julgamento,
Que censura mal o que corretamente veem?
Se for justo o que meus falsos olhos vislumbram,
O que é o mundo se dissermos que ele não o é?
E se não for, então, o amor bem prova
Seu olhar não ser tão verdadeiro: não,
Como é possível? Ah, como pode o Amor ver bem,
Se está tão ocupado em mirar e prantear?
Não há surpresa, assim, que meus olhos vejam mal;
O próprio sol não vê senão quando o dia está claro.
Ah, astuto amor! Cegas-me com tuas lágrimas,
Para que meus bons olhos não vejam tuas iníquas falhas.

William Shakespeare

Tradução : Thereza Christina Motta


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