quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Soneto LVI - William Shakespeare


Doce amor, sê forte; não digas que
Teu ardil seja mais bruto que teu apetite,
Que somente hoje alias e alimentas,
Depois aguçado em seu antigo poder:
Então, amor, sê tu mesma; embora hoje preenchas
A fome de teus olhos, mesmo plenos,
Amanhã novamente vejam, e não matem
O espírito do amor com perpétuo tédio.
Deixa este triste ínterim ser como o oceano
Que divide a praia, onde dois novos seres
Diariamente vêm até as margens, e, ao assistirem
Retornar o amor, mais abençoada se torna esta visão;
Ou mesmo o inverno, que, cheio de cuidado,
Faz o estio ser três vezes mais raro e ansiado.

William Shakespeare

Tradução : Thereza Christina Motta

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