Quantas vezes nos encontramos investindo em relações, amizades, ou situações que parecem não ter reciprocidade?
E mais: quantas dessas vezes sentimos um desconforto profundo, um incômodo que cresce, mas que teimamos em ignorar?
A busca por validação e o desejo de sermos valorizados pelos outros é algo natural; é da essência humana querer se sentir importante.
Entretanto, essa busca torna-se um fardo quando passamos a insistir em quem claramente não faz questão de nós.
Esse ciclo de insistência pode se tornar um labirinto emocional perigoso, onde, na tentativa de conquistar a atenção e o carinho de alguém, perdemos o que há de mais valioso: nossa paz, nossa autoestima, e nossa capacidade de reconhecer o próprio valor.
Se insistimos, a esperança é de que em algum momento o outro desperte para a nossa presença, para o nosso afeto.
Mas, e se isso nunca acontecer? E se essa pessoa, esse contexto, jamais perceber o que você tem a oferecer?
É doloroso aceitar, mas a verdade é que ninguém pode forçar o reconhecimento ou o valor que não está lá.
Cada um de nós carrega um valor único, algo que ninguém mais pode nos tirar.
Esse valor, no entanto, se perde toda vez que olhamos para o outro em busca de aceitação e aprovação.
A insistência em quem não faz questão de nós é como uma venda sobre os olhos: ela nos impede de enxergar nossa força e de canalizar nossa energia para quem realmente nos valoriza.
Podemos até ouvir de algumas pessoas que o “problema é nosso” ou que “precisamos ser mais persistentes”.
Porém, o fato é que uma relação sem reciprocidade não é uma relação, é uma estrada de mão única que acaba, inevitavelmente, em uma grande e dolorosa frustração.
O primeiro passo para se libertar desse ciclo vicioso é aceitar que nem todas as pessoas, nem todos os cenários são destinados a fazer parte de nossa vida.
Aceitar essa verdade pode ser libertador.
A sensação de urgência e de necessidade de ser aceito pelo outro começa a desvanecer quando percebemos que insistir em quem não faz questão de nós é apenas uma distração daquilo que realmente precisamos.
Investir em pessoas ou relações que não fazem questão de nós é desperdiçar nosso tempo, energia e emoção em algo que nunca poderá florescer.
E, por mais que possamos argumentar que a insistência é uma demonstração de perseverança, é fundamental diferenciar o que é uma perseverança saudável daquilo que se torna um sacrifício sem recompensa.
A perseverança verdadeira é aquela que nutrimos por algo que agrega em nossa vida, algo que, de alguma forma, nos fortalece e nos inspira a seguir adiante.
Quando insistimos em quem não nos dá valor, porém, estamos na verdade nos sacrificando.
E um sacrifício constante, sem o mínimo de retorno ou afeto, corrói lentamente a nossa autoestima.
É importante entender que cada “não” recebido, cada porta fechada, e cada pessoa que não faz questão de nossa presença, são lembretes claros de que precisamos redirecionar nossos esforços e atenção para onde somos bem-vindos.
E é somente ao parar de insistir em quem não faz questão de nós que conseguimos canalizar essa energia para algo mais construtivo, seja em nossas realizações pessoais, novos relacionamentos, ou até em nossa própria evolução.
O que acontece, muitas vezes, é que ao tentar tanto fazer parte da vida de alguém que não se importa, acabamos nos esquecendo de quem somos.
E, gradativamente, nos distanciamos de nossa verdadeira essência.
Parar de insistir em quem não faz questão de nós é um ato de autopreservação, é um convite para que possamos nos enxergar como realmente somos e para valorizar tudo aquilo que podemos oferecer.
A partir do momento que decidimos não insistir mais, um novo mundo de possibilidades se abre.
Passamos a perceber que existem pessoas dispostas a nos acolher e apreciar quem somos.
Passamos a enxergar que o mundo está cheio de gente que nos valoriza, nos respeita e, acima de tudo, nos quer bem.
É como uma libertação emocional, onde nos permitimos finalmente deixar de lado o que não nos acrescenta e nos abrimos para o que nos traz verdadeira alegria.
Insistir em quem não faz questão de nós pode parecer uma luta por reconhecimento, mas, na realidade, é uma batalha perdida que desgasta nossas forças.
Ao invés disso, use essa energia para nutrir sua própria confiança e amor-próprio.
Cultivar a nossa autoestima é compreender que nosso valor não depende da aprovação ou da aceitação alheia.
É um processo diário de autoconhecimento, de olhar para dentro e reconhecer que tudo aquilo que buscamos nos outros já está em nós.
A escolha de parar de insistir em quem não faz questão de nós pode ser dolorosa, pois envolve aceitar que nem sempre somos valorizados por quem desejamos.
Mas essa escolha é também a mais poderosa que podemos fazer, pois nos permite encarar nossa própria importância.
Passamos a entender que o amor-próprio é um dos maiores atos de coragem e, uma vez que tomamos essa decisão, tornamo-nos mais fortes, mais confiantes e mais preparados para a vida.
Então, se você está se vendo nessa situação, se sente que tem insistido demais em alguém que não retribui, permita-se dar um passo atrás.
Permita-se parar de insistir e observar tudo o que você tem a oferecer.
Veja o quanto você é valioso, o quanto suas qualidades são únicas e o quanto você merece ser amado e respeitado pelo que é.
É tempo de investir em si mesmo, de buscar relações que nos engrandecem, de encontrar quem realmente faça questão da nossa presença e nos acolha de forma verdadeira.
Afinal, quem se importa de verdade não nos deixa questionando nosso valor.
E você merece se sentir completo, importante e amado – sem precisar pedir ou insistir.
Márcia Fernandes
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