sábado, 6 de outubro de 2018

Ando Muito Completo de Vazios.

Versos e Poesias

"Ando muito completo de vazios. Meu órgão de morrer me predomina. Estou sem eternidades. Não posso mais saber quando amanheço ontem."

Os Deslimites da Palavra - Manoel de Barros

"Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas."

Manoel de Barros In O Livro das Ignorãças

O Livro das Ignorãças - Manoel de Barros

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