quarta-feira, 6 de março de 2013

Sob a Tua Serenidade - Cecília Meireles

Não me ouvirás ...É vão ... Tudo se espalha
Pelos ermos de azul ... E permaneces
Sobre o vale das súplicas e preces
Com solenes grandezas de muralha ...

Minha alma, sem Te ouvir nem ver, trabalha
Tranquila. Solidão ... Desinteresses ...
Por que pedir? De tudo que me desses
Nada servirá a esta existência falha...

Nada servirá, agora ... E, noutra vida,
Oh, noutra vida eu sei que terei tudo
Que há na paragem bem-aventurada ...

Tudo – porque eu nasci desiludida
E sofri, de olhos mansos, lábio mudo,
Não tenho nada e não pedindo nada ...



Cecília Meireles 

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