Nós cinco sabemos de tudo
e estamos sorrindo sem medos,
em cinco rostos absolutos,
na prata de um único espelho.
Rosa imortal e eterna murta
nem pousam no nosso cabelo.
Concentramos na lama o perfume
de que os outros fabricam beijos.
No silêncio dos nossos vultos,
não toca o pressuroso vento,
para que não se incline o lume
dos vigilantes céus acesos.
Somos cinco estranhas colunas
visitadas só pelo tempo,
feitas de dunas e de espumas,
- fábulas do humano momento.
Por desamor às criaturas e
outros desamores terrenos,
desabaremos todas juntas:
- Deus fechando os seus cinco dedos.
Cecília Meireles
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