As arvores, secas,
descuidadas plantas.
E a deusa esquecida,
sem mais esperanças,
entre pedras fuscas
e galinhas brancas.
Ruivo pó do tempo
na remota fronte.
Veio de outras eras,
trazida de longe:
- na sombra a deixaram.
Partiram para onde?
O elmo é de Minerva:
- mas, com o Sol no peito,
chamam-na de Ceres.
E seu lábio meigo
sorri sobre o nome,
falso ou verdadeiro.
Cheia de silencio,
contempla e medita.
E há campos e festas
e feixes de espiga
na pequena cova
de sua pupila.
Seus velhos poderes
ninguém mais recorda.
O modesto plinto
mão nenhuma adorna.
Para os homens vivos,
é uma deusa morta.
Mas o grão dourado
e a olorosa terra
e o boi que desliza
e o sol que se eleva
e o céu sobre humano
não se esquecem dela.
Fazem-se e refazem-se
os volúveis dias.
No mármore, imóvel,
sempre a deusa é viva,
muito além dos homens
e de suas cinzas.
Cecília Meireles In Poemas Italianos
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