quarta-feira, 2 de maio de 2012

Soneto de Maio - Vinícius de Moraes


Suavemente Maio se insinua 
Por entre os véus de Abril, o mês cruel 
E lava o ar de anil, alegra a rua 
Alumbra os astros e aproxima o céu.
Até a lua, a casta e branca lua 
Esquecido o pudor, baixa o dossel 
E em seu leito de plumas fica nua 
A destilar seu luminoso mel.
Raia a aurora tão tímida e tão fragil 
Que através do seu corpo tranparente 
Dir-se-ia poder-se ver o rosto
Carregado de inveja e de presságio 
Dos irmãos Junho e Julho, friamente 
Preparando as catástrofes de Agosto...
Vinícius de Moraes

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