Quando isso acontece, como se estivéssemos doentes de alma, enxergamos sempre o pior de cada situação. Nesse panorama sombrio, nos sentimos aprisionados, encurralados, como se na vida não houvesse saída.
Você já encontrou alguém assim? A pessoa fica tão paralisada naquele lugarzinho apertado dentro de seu próprio sistema de crenças que, por mais que tentemos lhe dar opções, ela sempre responde com:
- Pode ser que você esteja certo, mas...
Olhando de fora vemos que existem sim saídas, e percebemos que as coisas não são tão negras como aquela pessoa parece acreditar. Mas, por mais que tentemos aliviar o peso da situação ou sugerir caminhos para uma melhora, a pessoa parece não ser capaz de enxergá-los. Responde sempre com um “mas”, seguido de uma justificativa que inviabiliza a solução. É como se, de alguma forma, ela quisesse permanecer lá, naquele lugar horrendo de dor e frustração. E nós, que tentamos exaustivamente ajudar, acabamos por nos sentir frustrados, quando não irritados... e muitas vezes acabamos por desistir de ajudar. Como se a pessoa fosse um saco sem fundo, vemos que nossas sugestões são tragadas, uma a uma, caindo num buraco negro que existe lá no fundo do saco. (Devem estar flutuando em algum canto do Universo numa hora dessas...) Ah... que cansaço isso dá!
Sabemos que para sair desse buraco é necessário que se mantenha o equilíbrio, que se tenha paz para raciocinar com clareza, que se tenha atenção para pescar uma solução criativa nesse rico mar que é nosso inconsciente, cheio de belezas e tesouros. É preciso compreender que de nada adianta sobrecarregar a própria vida com esse peso mortal que destrói a leveza das ideias, que afasta de nós toda a alegria e o encantamento.
Quando tornamos tudo sério e grave dentro de nós, acabamos por projetar essa carga ao nosso redor, e logo nos percebemos rodeados por uma sensação densa e ruim, oprimidos e esmagados por uma realidade que nós mesmos criamos. Logo estamos nos sentindo completamente desesperançosos, impacientes com tudo e com todos, nos tornando parecidos com máquinas ambulantes produtoras de reclamações e mau humor. O brilho de nossos olhos se apaga e ganhamos uma espécie de peso, como se estivéssemos atados a enormes bolas de ferro que nos prendem cada vez mais ao chão, nos afastando do suave mundo onde pulsam infinitas soluções criativas, nos afastando daquela camada sutil cheia de novas ideias que flutua leve, bem acima de nossas cabeças e que poderia nos tirar desse estado incômodo e assustador.
Se ao menos fôssemos capazes de olhar para cima, se parássemos de, obsessivamente, catalogar as pedras e obstáculos ao nosso redor, enxergaríamos saídas, seríamos ajudados a flutuar e, como leves pássaros, seríamos soprados em direção a outras realidades, mais amenas, mais gentis, mais livres.
Se você quer mudar sua vida, precisa concordar em abandonar essa atitude que tem mantido você atado a uma vida que não lhe traz felicidade, Não importa o que você tenha criado em sua vida, a solução reside em uma palavra: desapego. Você não pode mudar o passado, mas pode se desapegar dele, deixá-lo para trás. Não perca tempo tentando entender, catalogando tudo, ou recriminando a si mesmo pelas escolhas errôneas que fez em sua vida. Isso de nada ajuda! Foque-se completamente no presente, seja amoroso e compassivo para com seu próprio Eu. Perdoe as atitudes que tenha tomado e que lhe tenham feito mal. Isso já passou. Olhe para cima, para o novo e permita-se construir uma nova realidade onde se sinta mais leve.
O mundo terá a gravidade que você decidir lhe dar. Você não precisa mudar o mundo. Mude a si mesmo, e o mundo se transformará antes que você consiga compreender como isso pode ter acontecido.
Patricia Gebrim
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