Por baixo dos largos fícus
plantados à beira-mar;
em redor dos bancos frios
onde se deita o luar,
vão passando os varredores
calados, a vassourar.
Diríeis que andam sonhando,
se assim os vísseis passar,
por seu calmo rosto branco,
sua boca sem falar,
- e por varrerem as flores
murchas, de verem amar.
E por varrerem os nomes
desenhados par a par,
no vão desejo dos homens,
na areia vã, de pisar...
- por varrerem os amores
que houve naquele lugar.
Visto de baixo, o arvoredo
é renda verde de luar,
desmanchada ao vento crespo
que à noite regressa ao mar.
Vão passando os varredores;
vão passando e vão varrendo
a terra, a lembrança, o tempo.
E, de momento em momento,
varrem seu próprio passar...
Cecília Meireles
in Mar absoluto
terça-feira, 10 de abril de 2012
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