1 - Qual é, afinal, a maior ironia da civilização moderna?
A bomba atômica que nos pode reduzir a cinzas, de uma hora para outra?
A poluição multiforme que nos invade por todos os lados?
A vida cada vez mais difícil nos grandes centros urbanos?
A mais cruel e dramática ironia da civilização hodierna é sua capacidade de resolver quase todos os problemas que se agigantam na rota, menos o grande problema humano.
2 - A ciência, poderosa ciência, manipula instrumentos cirúrgicos, os mais sofisticados. Repara o coração, faz transplantes. Cria vacinas salvadoras, antibióticos excepcionais, remédios milagrosos.
O homem se multiplica, através dos computadores, da cibernética, da TV, dos raios Laser.
Mas este mesmo homem, engenhoso em tantas áreas, não aprendeu ainda a fórmula redentora de criar uma vida justa, humana, tranquila e feliz para todos os seres humanos.
Por quê?
Simplesmente, porque uma criatura de carne e osso não responde à semelhança das máquinas.
Simplesmente, porque todos' os instrumentos eletrônicos, tão rápidos e tão eficientes, não conseguem dar-nos todas as respostas e soluções, das quais necessitamos, com urgência, nos grandes e pequenos momentos da vida.
3 - O homem de hoje, mais do que nunca, costuma ficar nas periferias, na superfície. E o problema humano é um problema de profundidade.
Somos tão ingênuos, tão cegos, tão apressados e tão pouco exigentes!
Grudamos alguns esparadrapos na ferida e pensamos que tudo está jóia, que tudo está OK, sanado, perfeito.
4 - Ficamos na superfície, na periferia, nas primeiras ramadas.
Instinto de pudor, que se nega a descer até lá embaixo, no fundo?
Comodismo, indiferença, cansaço, capitulação perante a problemática existencial?
A incorrigível mania de protelar para amanhã, o que nos assusta hoje?
Falta de coragem para enfrentar a verdade total, frente a frente, olhando-a bem nos olhos?
Vale a pena recordar aquele provérbio chinês:
Não podemos impedir que as andorinhas revoem sobre nossa cabeça. Mas podemos evitar que façam ninho em nossos cabelos.
Quando ficamos na superfície, adiamos a solução.
E a batalha já está perdida de antemão, se a covardia é nossa bússola e norte.
Quem espera, com alegria, tem MAIS VIDA, mais vibração.
Quem se omite, amargo e triste, carrega o esquife da própria morte no fundo do coração.
O sábio e forte peleja, reza e insiste.
Pe. Roque Schneider - Pausa para meditação
terça-feira, 20 de março de 2012
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