domingo, 22 de janeiro de 2012

O poeta asseteado por amor - Bocage


Ó Céus! Que sinto n'alma! Que tormento!
Que repentino frenesi me anseia!
Que veneno a ferver de veia em veia
Me gasta a vida, me desfaz o alento!

Tal era, doce amada, o meu lamento;
Eis que esse deus, que em prantos se recreia,
Me diz: «A que se expõe quem não receia
Contemplar Ursulina um só momento!»

Insano! Eu bem te vi dentre a luz pura
De seus olhos travessos, e cum tiro
Puni tua sacrílega loucura:

«De morte, por piedade hoje te firo;
Vai pois, vai merecer na sepultura
À tua linda ingrata algum suspiro.»
Bocage

  

Um comentário:

Postagens mais visitadas