segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Do meio da rua - Fernando Pessoa



Do meio da rua 
(Que é, aliás, o infinito) 
Um pregão flutua, 
Música num grito... 
Como se no braço 
Me tocasse alguém 
Viro-me num espaço 
Que o espaço não tem. 

Outrora em criança 
O mesmo pregão... 
Não lembres... Descansa, 
Dorme, coração!...

Fernando Pessoa

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