quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Caminhão de esperança - Silvana Duboc



Vez por outra acreditamos que não temos mais caminhos a percorrer sozinhos e estacionamos nosso caminhão de esperanças na beira da estrada.

Nunca se amadurece o suficiente a ponto de estarmos preparados para retomar o trajeto desacompanhados. Mas somos nós mesmos os únicos responsáveis por nossas esperanças.

Quando corremos até a estação e iludidos observamos os passageiros que descem do trem, criamos expectativas a respeito de cada um deles e muitos nos ajudam a aumentá-las, contribuindo para que nossos sonhos tomem proporções desastrosas.

Passado pouco tempo eles embarcam no mesmo trem que chegaram, nos deixam um simples até logo, querendo nos fazer crer que ainda voltarão, mas sabemos que isso não é verdade, porque cada trem que parte daquela estação, não retorna.

No entanto outros chegarão, carregados de pessoas e boas intenções, mas como os anteriores, também farão uma parada rápida... e então? será que teremos aprendido a lição?

Melhor talvez voltarmos para aquela estrada, tomarmos novamente o comando daquele caminhão que deixamos abandonado e carregarmos todas aquelas esperanças para algum lugar mais seguro, algum lugar onde ninguém possa lançar mão delas como se fosse uma diversão.

Nossas esperanças são a parte mais valiosa das nossas vidas. É através delas que respiramos no dia a dia, que conservamos nosso lado inocente, que conseguimos atravessar o hoje e chegarmos ao amanhã.

Podar as esperanças de alguém deveria constar do código penal como crime hediondo, inafiançavel e sujeito a pena máxima.

... mas segue a estrada, enfrenta os buracos, as lombadas, as curvas perigosas, a chuva, a noite fria, porque em algum lugar... ela há de dar.

Silvana Duboc

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