domingo, 23 de outubro de 2011

Soneto de Agosto - Vinicius de Moraes




Tu me levaste eu fui... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos
Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil
Da tua eterna túnica inconsútil...
E para a glória do teu ser mais franco

Quisera que te vissem como eu via
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco.

Vinicius de Moraes


Um comentário:

  1. Realmente as palavras deste nosso grande poeta nos tocam sempre. Gosto muito dos seus sonetos. Tenho uma publicação dos melhores deles de 1963 que é uma raridade.
    Abraços, minha querida!

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