terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ternura - Vinicius de Moraes




Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
                                                                                               extático da aurora.

Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.

Um comentário:

  1. Minha linda amiga,

    Se fossemos avisados que o amor chegaria e não teríamos necessidade do perdão, (risos), mas ele chega tão de repente que o que nos resta é pedir o perdão e descrever o que sentimos da forma mais linda e verdadeira possível, se envolvendo de uma forma especial a convencer o outro coração o sentimento mais nobre que existe em nós...ai, o amor tem tantos momentos que não sabemos como explicar...rs...Beijosss

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