Quem tudo quer, nada tem!, sempre repete minha mãe!
Durante muito tempo, considerei esta frase um tanto pessimista. Provavelmente, coisa de filha querendo contrariar as convicções da mãe! Hoje, muito menos armada e bem mais disposta a refletir, ainda que seja sobre os ditos populares, penso que neste está a resposta para muitas de nossas confusões atuais.
Em primeiro lugar, acredito que frases como essas carregam boa dose da sabedoria contida no inconsciente coletivo e, por isso, valem no mínimo uma ponderação. Depois, tenho notado que uma das maiores dificuldades das pessoas, num tempo em que as opções são inúmeras, é fazer escolhas!
Sei que entre o sim e o não existe uma infinidade de possibilidades e realmente acredito que isso seja ótimo! Sei também que o equilíbrio, a ponderação e o tão reforçado caminho do meio são formas de se alcançar elevação espiritual e amadurecimento.
No entanto, uma verdade é absoluta: a vida tem passado cada vez mais rapidamente. Tamanha velocidade tem assustado a maioria de nós e parece que esta urgência em ser feliz tem servido para nos causar angústia, ansiedade e uma enorme sensação de vazio interior.
O que é essencial parece estar se tornando cada vez mais fugaz! E perdidos nesta fugacidade, temos feito escolhas equivocadas, privilegiando aspectos efêmeros, pequenos, sem importância, em detrimento daquilo que poderia nos conduzir ao verdadeiro estado de plenitude interior.
Sei, não é fácil! O tempo todo, nossos sentidos são convidados ao supérfluo e à casca. Bem pouco somos estimulados a enxergar o conteúdo, a apreciar o que de fato faz sentido, ou melhor, o que poderia realmente dar sentido à vida que a gente leva...
E assim, perdemos o foco! Não conseguimos mais criar castelos de verdade e viver histórias de verdade. Vivemos em castelos de areia que desmoronam em seqüência. Mas não desistimos: construímos outro e outro na mesma medida que os vemos cair. Afinal, para construir castelos de areia precisamos de apenas uma tarde e nada mais...
Mas para os castelos de verdade precisamos de disponibilidade, atenção, dedicação, perseverança, criatividade, persistência, enfim, atitudes pautadas pelo coração. E tem mais: para vivermos nos castelos de verdade, precisamos encontrar nossa porção de reis e rainhas e nos comportarmos como tal.
Dá trabalho e requer algo que parece termos perdido: a capacidade de fazer uma escolha, compreender que ela tem um preço e trabalhar para pagá-lo. Por fim, exige que abramos mão das demais opções e não mais compactuemos com o tão famigerado quero tudo e posso tudo o que quero. Não podemos! De verdade, não podemos. Até porque querer tudo não é o objetivo.
O grande objetivo é descobrir o que realmente queremos e fazer ‘tudo’ para que seja nossa melhor conquista. E especialmente no amor, quando o intuito é seduzir um coração, é esta postura que faz a conquista valer a pena!
No mais, que consigamos nos tornar construtores de castelos de verdade e, sobretudo, sejamos merecedores de morar neles, a partir de uma conduta que revele nossa sublime majestade!
Rosana Braga
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Você constrói castelos de areia ou castelos de verdade? - Rosana Braga
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