terça-feira, 8 de novembro de 2011

Conjugando o conjugal - Artur da Távola



Palavra para a qual raramente se atina é conjugal. Por que conjugal? Porque viver junto (não me refiro apenas ao casamento contratual tradicional) é conjugar. Conjugar é viver todos os tempos e pessoas dos verbos. É saber ser eu, ser tu, ser ele, ser nós, ser vós e ser eles, sem perda da individualidade fundamental. Conjugar é viver vários tempos – presente, passado e futuro – e várias pessoas em nós. Conjugar é, pois, articular a complexidade de cada ser com a complexidade do parceiro/a.

Mas conjugar é, também, com+jugo. É estar com o jugo amoroso do outro. É com jugar. Não é subjugar (como no machismo tradicional). É estar não sob o jugo, mas com o jugo (compreensivo e amoroso) do outro. É estar com a vivência do amor em todas as pessoas (eu, tu, ele, nós, vós, eles). É ser vários em um. É uma troca permanente e não a imposição de uma das partes.


Conjugal, cônjuge, portanto, mais do que a palavra tornada fria pelo uso, possui o sentido profundo de conjugação, integração, articulação do par amoroso, através de uma união que pode se chamar casamento, amor, amizade colorida, transa, tanto faz. Cônjuge é quem conjuga com e não quem mora com ou tem o papel assinado ratificando o caráter legal da união.


Para conjugar o verbo amar é preciso conjugar o verbo ser. O amar é um exercício de felicidade, não de poder.


Sugestão a comunicadores


1) Sentir o público e atendê-lo no que quer, mas sempre fugir de alimentá-lo com evasão e devaneio. Em relação ao que se emite, equilibrar o que abasteça a vontade com a necessidade do público.


2) Contribuir para que as comunicações não sejam alienações da realidade ou se transformem em desfiles de inconseqüências bem vestidas, bem despidas e bem maquiadas, apenas por motivos mercadológicos.


3) Saber como fazer para mostrar o que é e como funciona o egoísmo geral. Fazê-lo, no entanto, sem recolher a raiva correspondente. Mostrar as verdadeiras causas da dor, da injustiça e da miséria. Revelar também a possibilidade de amizade, amor e ternura.


4) Colocar o trabalho a serviço do próximo, sobretudo dos mais fracos, os pobres e os enfermos, sem transformá-lo, porém, em demagógico expediente de exibição da miséria e do sentimentalismo com fins mercantis ou de audiência.


5) Enfrentar, a cada dia, um novo desafio ético. E ética significa equilibrar as contradições em função dos objetivos maiores de elevação e aprimoramento da conduta e do comportamento humano.



Artur da Távola 

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