sábado, 23 de novembro de 2024

Não Se Cale Mais Com o Que Te Incomoda

Uma pessoa rompendo correntes

O silêncio é, muitas vezes, visto como um sinal de sabedoria. 

"Fique calado e evite conflitos", dizem. 

Mas e quando o silêncio não é sinal de paz, e sim de sufocamento? 

Quantas vezes você já engoliu palavras que queriam saltar da sua garganta? 

Quantas vezes permitiu que algo que te incomodava passasse despercebido apenas para evitar desgastes? 

O problema de se calar constantemente é que, enquanto o mundo segue em frente, você fica preso dentro de si mesmo, carregando o peso do que nunca foi dito.

Viver em sociedade requer adaptações, é claro. 

Não é sobre dizer tudo o que vem à mente sem filtros ou empatia, mas sim sobre encontrar coragem para dar voz às suas emoções e necessidades. 

Guardar o que te incomoda é como acumular pequenos grãos de areia dentro de um sapato: no início, você suporta. 

Depois de um tempo, o incômodo se torna insuportável. 

O silêncio, nesse contexto, não é uma solução; é um problema disfarçado.

Por que nos calamos? 

Há várias razões: medo de rejeição, de julgamentos, de conflitos. 

Aprendemos desde cedo a buscar aceitação, e falar sobre o que nos incomoda pode parecer uma ameaça a essa aceitação. 

É mais fácil sorrir, fingir que está tudo bem e seguir adiante. 

Mas o custo desse comportamento é alto. 

A longo prazo, o silêncio consome nossa autoestima, nos faz sentir invisíveis e cria um abismo entre quem somos e como nos apresentamos ao mundo.

Designer com uma citação em destaque.

Quando você se cala diante do que te incomoda, não está apenas evitando uma conversa desconfortável; está negando a si mesmo o direito de ser ouvido. 

Expressar o que sentimos não é um ato egoísta, mas sim uma necessidade humana fundamental. 

Suas emoções são válidas, seus pensamentos importam, e sua voz merece ser ouvida. 

Não se trata apenas de reivindicar espaço, mas de viver de forma autêntica.

A autenticidade, aliás, é um dos pilares de uma vida plena. 

Ser autêntico significa alinhar suas ações e palavras aos seus valores e emoções. 

Quando você reprime o que sente, está sabotando essa conexão consigo mesmo. 

Isso gera um desconforto interno que pode se manifestar de várias maneiras: ansiedade, estresse, insatisfação. 

Falar, por outro lado, é um ato de libertação. 

Não significa que tudo será resolvido imediatamente, mas é um passo essencial para transformar o que incomoda em algo que pode ser superado.

Claro, dar voz ao que te incomoda não é uma tarefa fácil. 

Exige coragem, prática e, muitas vezes, enfrentamento. 

O medo de como o outro reagirá é real, mas vale lembrar que você não tem controle sobre as reações alheias. 

O que você pode controlar é a maneira como escolhe se expressar. 

Falar com clareza, respeito e empatia aumenta as chances de que sua mensagem seja recebida de forma positiva. 

Mesmo assim, nem sempre haverá concordância, e tudo bem. 

Nem todas as conversas são para resolver; algumas são apenas para desabafar e criar espaço para o entendimento.

E o que dizer das vezes em que o silêncio é imposto? 

Existem contextos em que somos ensinados, explicitamente ou não, a nos calar. 

Isso acontece em relações abusivas, ambientes de trabalho tóxicos ou situações onde nossa voz é ignorada ou desvalorizada. 

Nessas circunstâncias, a luta para se expressar é ainda mais desafiadora, mas igualmente importante. 

Não se calar mais é, nesses casos, um ato de resistência e autoafirmação. 

Não é fácil, mas é necessário.

Uma forma de começar a romper com o hábito de se calar é praticar a autoescuta. 

Antes de falar com os outros, fale consigo mesmo. 

Pergunte-se: "O que realmente está me incomodando? Por que isso me afeta tanto? O que eu espero ao expressar isso?" 

Essas perguntas ajudam a organizar seus pensamentos e a entender suas próprias emoções. 

Saber o que sente é o primeiro passo para conseguir expressar esses sentimentos de forma clara e eficaz.

Outra ferramenta poderosa é a assertividade. 

Ser assertivo significa comunicar seus pensamentos e sentimentos de maneira direta e respeitosa, sem ser passivo ou agressivo. 

É uma habilidade que pode ser desenvolvida com prática e que facilita muito o processo de se expressar. 

Designer com uma citação em destaque.

Assertividade não é sobre vencer uma discussão, mas sim sobre garantir que sua voz seja ouvida.

Além disso, é importante lembrar que não estamos sozinhos. 

Há sempre alguém disposto a ouvir, seja um amigo, um familiar ou um profissional. 

Buscar apoio é um ato de coragem, não de fraqueza. 

Ter um espaço seguro para desabafar pode ser transformador e encorajar ainda mais a prática de não se calar.

As mudanças que ocorrem quando começamos a nos expressar são profundas. 

Relacionamentos se tornam mais autênticos, a autoestima cresce e a sensação de alívio é palpável. 

Você começa a perceber que, ao dar voz ao que te incomoda, está tomando o controle da sua vida. 

A comunicação não é apenas uma forma de se conectar com os outros, mas também consigo mesmo.

Portanto, não se cale mais com o que te incomoda. 

Permita-se sentir, falar, reivindicar seu espaço. 

Designer com uma citação em destaque.

O mundo não precisa de mais silêncios que sufocam; precisa de vozes que transformam. 

E, entre essas vozes, a sua é essencial. 

Falar é um ato de coragem, de amor-próprio e de transformação. 

Ao se expressar, você não está apenas enfrentando o que te incomoda; está mostrando ao mundo, e a si mesmo, que merece ser ouvido.

Márcia Fernandes

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