Com o tempo as pessoas vão morrendo. A morte do corpo, chega para todos
em algum momento da vida. Todavia, alguns em vida, agregam outras mortes
que exalam odores duvidosos e mata a existência num piscar de olhos.
Morre-se por causa do egoísmo. Por exagero de pudor. Pela bisbilhotice
aguda que lança mentiras. Pelas preocupações desnecessárias que enruga a
alma. Pelas críticas ácidas que não constroem nada.
Morre-se pela avareza. Pelo tédio. Pela displicência. Em meio a névoas
das paisagens, morre-se pela cegueira de não enxergá-las. Morre-se
prematuramente pela falta de encarar a vida com simplicidade. Morre-se
por falsas deduções. Por exagero de ocupações. Morre-se pelo tédio. Pela
falta de perdão. Por abortar os sonhos com a extrema realidade. Pela
falta de coragem para o enfrentamento das situações adversas.
Morremos diariamente pelo excesso de formalidade. Por vivermos
espremidos em ideias e códigos estúpidos. Pelo preconceito que afasta
todos os outros e subtrai a tolerância e o respeito. Pelos incômodos
adereços supérfluos que nos faz pensar em superioridade. Pela covardia
silenciosa que nos faz abandonar o outro em seu apocalipse solitário.
Morre-se de autoflagelamento pelas erros involuntários. Afogado nas
lembranças sem permitir seguir em frente. Pela desarmonia interior. Pelo
imenso falatório e a falta do exercício de prática.
Morre-se por subtrair afeto, somar intrigas, multiplicar dores.
Embora vivo, morre o tolo, o arrogante, o impiedoso, o fútil, o
preguiçoso, o irado. E nessa equação, morre quem vive de tarja preta
para a vida, sem necessariamente precisar morrer o corpo.
Ita Portugal
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