Se tudo parecer escuro, se nada puder ser visto, acenda você a primeira luz, traga para a treva, você primeiro, a pequena lâmpada;
Quando ninguém souber coisa alguma, e você souber um pouquinho, seja o primeiro a ensinar, começando por aprender você mesmo, corrigindo-se a si mesmo;
Quando alguém estiver angustiado à procura, consulte bem o que se passa, talvez seja em busca de você mesmo que este seu irmão esteja;
Quando a terra estiver seca, que sua mão seja a primeira a regá-la;
Quando a flor se sufocar entre as ervas daninha e espinhos, que sua mão seja a primeira a separar o joio, a arrancar a praga, a afagar a pétala, a acariciar a flor;
Se a porta estiver fechada, de você venha a primeira chave;
Se o vento sopra frio, que o calor de sua lareira seja a primeira proteção e o primeiro abrigo.
Se o pão for apenas massa e não estiver cozido, seja você o primeiro forno para transformá-lo em alimento.
Não atire a primeira pedra em quem erra.
De acusadores o mundo está cheio; nem, por outro lado, aplauda o erro; dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;
Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu; sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido;
Seja você o primeiro para aquele que não tem ninguém;
Quando tudo for espinho, atire a primeira flor; seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta,
compreendendo que o perdão regenera, que a compreensão edifica, que o auxílio possibilita, que o entendimento reconstrói.
Atire você, quando tudo for pedra, a primeira e decisiva flor.
Glácia Daibert
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