Papagaio, Sabonete, Sapo, Nenê Gordo e Geleia podem ter sido seus colegas de escola. Famosos no recreio ou no jogo de futebol. Mas são os principais inimigos da Justiça Gaúcha. Os principais criminosos.
Em comum, o apelido debochado, perverso, destacando um defeito. Um apelido para a turma rir. Um apelido para chacotar.
Há a tendência de acreditar que o apelido surgiu depois da fama criminosa, mas quem diz que não surgiu antes? Na infância? Enquanto os bandidos ainda nem sonhavam o que seriam.
O apelido é a arma carregada do bullying. Letal. Perigosa. Capaz de condicionar destinos e matar vocações.
Parece loucura, mas o apelido ruim ajuda o crime. Transforma crianças em atrações de circo. Ajuda a pessoa a se sentir ninguém, nada, desprezada. Se sou Geleia, se sou Nenê Gordo, tanto faz me esforçar, não terei futuro mesmo.
O apelido consagra a rejeição.
O apelido é a faixa de miss do monstro.
O apelido é o fim do caminho. A boca do lixo.
E não estou mencionando o apelido carinhoso, que qualquer um deseja, mas o apelido que se pretende engraçadinho. Que chama atenção de uma vergonha, de uma dificuldade na aparência.
O apelido mata a felicidade do feio. É a humilhação escolar; qualquer um já se vê derrotado antes de abrir a boca.
O apelido machuca, é como ser espancado verbalmente todo dia, toda hora.
Pense antes de dar um apelido. Mais do que um simples gesto de respeito, já é caso de segurança pública.
E quem diz isso é o Panqueca. Não terminei preso porque fui recheado de amor de pai e de mãe – foi o que me salvou.
Fabrício Carpinejar
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