Que as mães vão embora?
Mãe não tem limite,
É tempo sem hora,
Luz que não apaga
Quando sopra o vento
E chuva desaba,
Veludo escondido
Na pele enrugada,
Água pura,ar puro,
Puro pensamento.
Morrer acontece
Com o que é breve e passa
Sem deixar vestígio.
Mãe na sua graça
É eternidade!
Por que DEUS se lembra
-mistério profundo-
De tirá-la um dia?
Fosse eu um Rei do mundo,
Baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
Mãe ficará sempre
Junto do seu filho
E ele, velho embora,
Será pequenino
Feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
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