Relaciono aqui algumas situações que antes eram inimagináveis, mas que hoje são pura realidade. O Estados Unidos elegeu um presidente negro, embora seja conhecido historicamente pelo preconceito racial. Há duas décadas ter um telefone em casa era privilégio dos ricos, ao passo que agora qualquer um pode falar com o mundo de posse de um celular. Não faz muito tempo em que nas prateleiras dos supermercados havia meia dúzia de marcas de shampoos e molhos de tomate, mas agora podemos escolher entre dezenas de opções. O melhor jogador do mundo é uma mulher, a brasileira Marta. O recorde da indústria do entretenimento não é de um filme, mas sim de um videogame. O Papa se rendeu à tecnologia e agora faz sermão pela internet. A música nunca foi tão ouvida e compartilhada como agora, com downloads e formatos em MP3.
E as mudanças não param por aí. Até as novelas não são mais as mesmas. Antes havia um mistério que só era revelado no último capítulo. A urgência de tudo faz agora com que os autores criem pequenas tramas que se desenrolam toda semana com começo, meio e fim. Até nossos políticos (quem diria?!) estão mais expostos a denúncias de todo tipo. As trapaças não ficam mais escondidas por tanto tempo, pois com a internet e o avanço de outros meios de comunicação, a fiscalização é mais insistente e tudo vem à tona de forma mais rápida.
Basta parar para pensar nestes aspectos por alguns segundos que nos damos conta do quanto o mundo está mudado. Se chegamos a acreditar que ele iria acabar no ano 2000, agora temos a certeza que ele está apenas começando. E mesmo diante de tudo isso, muita gente está arraigada em posições retrógradas, na defesa de conceitos já ultrapassados pela evolução natural da humanidade. Por que tanta dificuldade para mudar? Por que tanta resistência em aprender a perdoar, a começar de novo, a ser mais humilde, a admitir os erros, a se desculpar quando necessário?
Ouço muitas pessoas se justificarem: "Sou assim mesmo, é minha essência!" Oras! Mas fico pensando, que essência é essa que pode ferir o outro, que pode prejudicar as relações sociais e profissionais e até contribuir para a destruição da natureza? O que muita gente não pensa é que mundo está mudando e não espera por ninguém.
Se hoje há mais separações, também há talvez mais pessoas se sentindo libertas de relações ruins. Se hoje os adolescentes estão mais rebeldes é porque também há pais totalmente despreparados para educar e mostrar o caminho do bem. Se há chefes tiranos é porque há pessoas que preferem o comodismo ou os conchavos protecionistas para se manter onde estão. Se há doença por toda parte é porque também há muita gente que não cuida direito nem do próprio corpo, da alimentação, do sono e das atividades físicas para se manter bem.
É fácil reclamar. É fácil colocar a culpa no outro. Difícil mesmo é admitir que algo precisa ser melhorado, lapidado, moldado a partir de si mesmo, por esforço próprio.
Não adianta tripudiar. As crianças não voltarão a ser submissas como antigamente. A mídia não vai deixar de mostrar baixaria. As empresas vão continuar cortando custos e o governo vai sempre estar envolvido em corrupção. Não se trata de ter uma visão pessimista da vida, mas sim um pouco mais realista. É hora de parar para pensar sobre o papel de cada um de nós neste mundo e o quanto podemos melhorar tudo a nossa volta com gestos simples.
Não cobre, dê exemplo. Não peça amor, primeiro dê o seu. Não critique o vizinho, cuide primeiro melhor da sua calçada. Não espere pelos outros e siga um dos ditados populares mais sábios que existem: não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Não viva de passado nem de futuro. Algo está mudando lá fora neste instante. E você, o que está esperando para mudar?
Fabiano Ferreira
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