O poeta canta a si mesmo
porque nele é que os olhos das amadas
têm esse brilho a um tempo inocente e perverso...
O poeta canta a si mesmo
porque num único verso
pende - lúcida, amarga -
uma gota fugida a esse mar incessante do tempo...
Porque o seu coração é uma porta batendo
a todos os ventos do universo.
Porque além de si mesmo ele não sabe nada
ou que Deus por nascer está tentando agora
[ ansiosamente respirar
neste seu pobre ritmo disperso!
O poeta canta a si mesmo
porque de si mesmo é diverso.
Mario Quintana
In Esconderijos do Tempo
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