Querias que eu falasse de "poesia" um pouco
mais...e desprezasse o quotidiano atroz...
querias...era ouvir o som da minha voz
e não um eco - apenas - deste mundo louco!
Mas quê te dar, pobre criança, em troco
de tudo que esperavas, ai de nós:
é que eu sou oco...oco...oco...
como o Homem de Lata do "Mágico de Oz"!
Tu o lembras, bem sei...ah! o seu horror
imenso às lágrimas...Porque decerto se enferrujaria...
E tu...Como um lírio do pântano tu me querias,
como uma chuva de ouro a te cobrir devagarinho,
um pássaro de luz...Mas haverá maior poesia
do que este meu desesperar-me eterno da poesia?!
Mário Quintana
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