Trabalhei, sem revoltas nem cansaços, No infecundo amargor da solitude: As dores, - embalei-as nos meus braços, Como alguém que embalasse a juventude... Acendi luzes, desdobrando espaços, Aos olhos sem bondade ou sem virtude; Consolei mágoas, tédios e fracassos E fiz, a todos, todo o bem que pude! Que o sonho deite bençãos de ramagens E névoas soltas de distância e ausência Na minha alma, que nunca foi feliz. Escondendo-me as tácitas voragens De males que me deram, sem consciência. Pelos míseros bens que sempre fiz!... Cecília Meireles
Nenhum comentário:
Postar um comentário