Talvez o melhor presente que podemos oferecer às pessoas seja contribuir, de algum jeito, para que façam contato com aquilo que elas têm de melhor. Com os próprios recursos. Os próprios dons. As próprias dádivas. Às vezes, só momentaneamente esquecidos. Às vezes, completamente ignorados. Entre eles, não tenho dúvida, está a graça da alegria e a maravilhosa possibilidade de compartilhá-la. Entre eles, está esse charme inegável e bem cheiroso da alma que é o bom humor.
Dizem que o riso é a música predileta de Deus, intuo que é verdade. Tanto que, em "Almas Perfumadas", escrevi que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. Sou dessa gente que mesmo quando está triste não consegue perder a oportunidade da graça e do alimento do riso da vez, sobretudo quando compartilhado. Anos frequentando esta escola, eu descobri que a tristeza, inevitável, legítima, necessária até em alguns momentos, é coisa de ocasião. Contentamento, não.
Contentamento, quer saibamos ou não acessá-lo, quer possamos ou não acessá-lo, é coisa de essência. Somos seres feitos também dessa alegria perene e amorosa que independe de. Somos seres feitos para ela. Acho que o amadurecimento espiritual tem muito a ver com a perspectiva de crescimento da percepção e do contato com essa graça. Não deve ser coincidência o fato de que tudo o que é belo na natureza, de uma maneira ou de outra, com um desenho ou com outro, com um tom ou com outro, costuma rir.
Dedico esta postagem, com amor, gratidão e alegria, aos amigos com os quais eu também rio à beça. Com os quais invento coisas que fazem outras vidas sorrirem. Com os quais fica mais fácil não esquecer que, apesar de todos os pesares, das aparências todas, das mais estranhas e difíceis circunstâncias, essa é a nossa verdadeira natureza.
Como disse em outro texto, rio e me sinto mar.
Ana Jácomo
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