A obstinação de estar certo, de vencer discussões e disputas, é tão somente um esconderijo. Onde se refugia a insegurança sob as vestes da suposta autoridade, de quem pretende ver aceitos seus argumentos de qualquer maneira, mesmo que sob ameaça e imposição. Estabelece dicotomias: um é forte o outro fraco, um certo outro errado, um algoz outro vítima, um sujeito outro objeto…
De que modo uma relação se constrói ou se mantém nessa perspectiva? A isso podemos chamar amor? Ou algo patológico sob um disfarce socialmente aceitável?
Relações desiguais. E não se trata de idade, cor da pele, religião, nada disso. É outro o significado. O de um sobreposto ao outro, num acordo tacitamente velado em que um se considera o dono do outro, de seus pensamentos, atitudes, decisões. E outro que permite-se dissolver no parceiro, deixando sua própria existencia em mãos alheias.
O amor maduro e verdadeiro dá as mãos, caminha junto, segura nos tropeços, alternadamente um e outro mostra-se generoso e desprendido. Alegra-se com os voos solitários do parceiro a alcançar montanhas cada vez mais altas. Compreende e acolhe docemente suas dores. Respeita as escolhas individuais. Permanece livre.
Amor verdadeiro portanto é conquista construída e sedimentada no tempo, com o frescor de águas cristalinas fluindo através de mútua reciprocidade.
Ninguém perde. Todos ganham.
Carla Andrea Ziemkiewicz
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