sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O dia seguinte ao amor - Mário Quintana



Quando a luz estender as roupas nos telhados 
E for todo o horizonte um frêmito de palmas 
E junto ao leito fundo de nossas duas almas, 
Chamarem nossos corpos nus, entrelaçados, 

Seremos, na manhã, duas máscaras calmas e felizes, 
De grandes olhos claros e rasgados... 
Depois, volvendo ao sol as nossas quatro palmas, 
Encheremos o céu de voos encantados!... 

E as rosas da cidade inda serão mais rosas. 
Serão todas felizes sem saber por quê... 
Até os cegos, os entrevadinhos… E 

Vestidos contra o azul de tons vibrantes e violentos, 
Nós improvisaremos danças espantosas, 
Sobre os telhados altos, entre o fumo e os cata-ventos!



Mário Quintana

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