segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Exílio - Luna Freire
Primeiro, arremessaram-me um tiro ao peito.
Não morri.
O tiro, entretanto, permaneceu dentro de mim como uma pedra.
Então, tentaram arrancar-me a língua.
Não cedi.
Mas a pedra cresceu e fez montanha em minha alma.
Depois desistiram de mim.
E deixaram-me,
com minha língua,
meus olhos,
minhas mãos.
E criaram,
à minha volta,
um abismo de silêncio.
As palavras,
ignoradas,
subiram ao topo da montanha de pedra
em busca do céu ou do mar.
E não havia nada.
Foi quando entendi,
que já não precisariam arrancar-me a língua,
os olhos,
as mãos,
porque tiraram-me as estrelas que me guiavam
e nada que era meu tinha mais serventia.
Luna Freire
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