quinta-feira, 19 de julho de 2012

Metáfora - Fernando Campanella

Já não tento reter do dia
a luz que por exata concede
a chama alquímica dos amantes
a doçura de pétalas breves .
O tempo tem o galope das fúrias
ventos que jamais enternecem .
Melhor correr da memória o labirinto 
drenar os aquíferos fundos 
e aguardar: tudo vai escapando
o que restar será na noite
a forma intáctil, o espectro redivivo .

(Mais no mundo me tardo
mais no comando de sombras me esmero ).

Deus conceda que me baste 
este último apelo de náufrago : a metáfora, 
pétala incorpórea com que me visto.

Fernando Campanella

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