quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sonho - Olavo Bilac


Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!

Sonho...Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite... A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar a minha alma.

Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando  uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre  tua casa.

Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço...O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, apareces à porta,
Como uma moldura a imagem de uma santa...

Olavo Bilac

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