A enorme quantidade de informações e as exigências do mundo moderno nos fazem ser mais rápidos, pensar mais depressa e agir no afogadilho, muitas vezes com escolhas inadequadas. E essa “confusão temporal” por vezes nos torna controladores demais. Ao mesmo tempo em que somos engolidos pelo tempo, queremos domá-lo e controlá-lo obsessivamente. Não que façamos isso por má fé, mas sim por desconhecimento total da importância de respeitar o tempo e usá-lo em nosso favor e não para o nosso pavor.
Queremos tudo para ontem, urgentemente, o mais rápido possível. Nossas horas são preciosas. Os minutos, fundamentais. Com isso, ficamos mais susceptíveis a equívocos de toda ordem. Se as coisas não saem do “nosso jeito” e no “nosso tempo”, nos frustramos, nos decepcionamos, nos lançamos facilmente à mágoa, ao rancor e aos resquícios mais corriqueiros possíveis.
Quando “forçamos” o tempo das coisas desconsideramos uma lei natural que é a sincronicidade. Se não estamos alinhados com os acontecimentos e seus desdobramentos, fatalmente teremos desilusões quanto ao tempo em que as coisas devem ocorrer. Ao forçar o tempo nos tornamos prepotentes e recorremos mais vezes a expedientes não muito recomendáveis.
Quer um exemplo? Tenho um amigo que é um ótimo profissional e sempre investiu em seu crescimento. Trabalhando dedicadamente numa empresa, depois de muito tempo de preparação sentia que era a hora de assumir um cargo de chefia. Como se achava “pronto” aguardava ansiosamente pela oportunidade, que inclusive lhe fora prometida.
Nas reviravoltas do mundo empresarial, de uma hora para outra o cargo que tanto almejava ficou vago. Pela lógica, chegara sua vez. No entanto, por motivos desconhecidos, a empresa contratou outro profissional de fora para assumir um novo projeto, que tudo tinha a ver com o perfil pessoal e profissional do meu amigo. Foi uma decepção só. Sem entender, amargou a frustração e sua auto-estima despencou. Mas ele sabia que o tempo é o senhor de si mesmo.
A pessoa que assumiu o “seu cargo” teve inúmeros problemas. O projeto quase afundou, todas as intempéries possíveis e imagináveis aconteceram. De longe, ele foi se conformando de que, sem querer, havia se livrado de uma “roubada”. O tempo continuou a passar, o projeto de revitalizou, mudou de rumo, ficou mais profissional. Como diz o ditado, “colocaram ordem na casa”.
Anos depois, quando tudo estava mais estruturado, ele foi convidado a assumir o setor. Ou seja, no melhor momento, as coisas aconteceram exatamente como ele imaginou um dia. Sua conclusão é simples: tudo ocorreu em seu tempo, no tempo em que deveria acontecer e não no tempo em que ele julgava ser o certo. Para ele ficou claro que o tempo trabalha em nosso favor, e não o contrário.
É claro que não podemos ficar parados esperando o tempo passar acreditando que as coisas vão acontecer como um milagre, um passe de mágica. Precisamos sim fazer nossa parte, agir, “dar a cara a tapa”.
No entanto, forçar uma situação ou exigir demais de si e dos outros em função de um capricho ou uma crença infundada só traz prejuízo. É preciso ter discernimento suficiente para saber a hora de “tirar o time de campo” e deixar o tempo rolar, sem estresse, sem pressão, sem controle.
O tempo sabe o que faz. Só é preciso que tenhamos mais paciência e saibamos a confiar nele.
Fabiano Ferreira
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