quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Construção do eu - Paulo Roberto Gaefke


Que eu não me perca no excesso de liberdade que eu acredito ter.
Que me faz achar que eu posso fazer tudo o que eu quiser.
E as consequências mostram que nem sempre é bem assim.
Que eu não me afogue na ansiedade que me atormenta
com mil razões para fazer tudo ao mesmo tempo.
E que me deixa descontente por que sou apenas um.
Que eu não busque um amor para me completar,
acreditando que só serei feliz quando tiver alguém,
para eu repartir o que na verdade não quero dividir.
Que eu não busque uma amizade para sugar favores.
Que eu não me encoste em ninguém para não ser um peso.
Pois reconheço que tenho valores e posso me aguentar.
Que eu não busque um emprego apenas para me sustentar.
Pois sei que vai virar um fardo difícil de carregar.
Que eu possa me empregar onde eu queira trabalhar.
Que eu não busque uma graduação apenas para me formar,
ou para agradar essa ou aquela pessoa.
Eu quero ser o que eu sonho ser.
Que eu não busque uma religião para me consolar.
Quero buscar o Consolador Prometido em qualquer lugar.
E até me dar o direito de duvidar, para poder acreditar.
Que eu não busque o corpo perfeito para me exibir,
como se fosse um manequim de ego inflado.
Quero um corpo saudáve que possa me levar aonde eu for.
Que eu esteja pronto para a vida, na medida que ela espera.
Pronto para receber a chuva e os dias de sol.
Na intensidade que ela precisa para ser vivida.
Que eu não faça papel de vítima infeliz do acaso.
Me aceito, me perdôo e sigo nesse passo,
sob as luzes da cidade,
rumo ao futuro que construo agora,
rumo a felicidade.
Paulo Roberto Gaefke

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